Nadar solo

Era o fim. Ou ainda faltava alguns segundos.Enquanto eu fingia entre goles e risadas calculadas, havia planejado o fim. Ou o começo. Ou ainda o começo do fim?

Era preciso abandoná-lo. Confesso que tivemos momentos felizes ou de muita vida. Daqueles momentos doces que valiam minha velha memória. Mas não adiantava, não adiantava. Era preciso deixar para trás. Por instantes quis guardar numa caixinha como se pudesse. Cabia?

Havia os momentos agonizantes, momentos em que eu me perdia entre lágrimas e desejo exasperado. Entre todas as aflições de ser, havia Ulisses.

Mas não era ele a quem devia abandonar. Era as velhas lembranças da velha memória. Era o que foi, de fato.Eu precisava daquela purificação. Daquele mar gelado,porque apenas a garoa, não adiantava, não adiantava.

E eu pude sentir. O gosto amargo do mar, a vontade de deixar para trás, o frio das ondas pelo corpo, o tempo passando rápido, pude sentir os segundos que precede a mudança. A mudança de dia, de noite , de hora, de minuto, de segundo, de ano. E olhando para o infinito do mar engoli um suspiro a seco. A liberdade era Azul.

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Escrito por Luma Reis
Dirigido por Luma Reis e Edson Costa

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